sábado, 2 de junho de 2012

Novo livro de Pondé ataca "praga" do politicamente correto



O pensamento politicamente correto é uma "praga", uma atitude política que combina "covardia, informação falsa e preocupação com a imagem".
Quem afirma é o filósofo e colunista da Folha Luiz Felipe Pondé em seu novo livro, o "Guia Politicamente Incorreto da Filosofia" (Leya).
O politicamente correto conta uma mentira, afirma Pondé, ao defender que "o mais fraco politicamente é por definição melhor moralmente". Para seus defensores, tudo seria justificado "dizendo que você é pobre, gay, negro, índio, ou seja, algumas das vítimas sociais do mundo contemporâneo".
Trata-se, segundo o autor, de uma visão de mundo quase sempre "mau caráter", que iguala a maioria ao bem, a massa numérica à bondade.
Pondé simplesmente inverte o argumento. Para ele, "o povo é sempre opressor" e "a maioria tende à covardia e à fraqueza". O colunista defende a existência de diferenças naturais de virtudes entre os homens, que o discurso igualitário, "a serviço do mau-caratismo, da preguiça e da nulidade", buscaria mascarar.
Alguns poucos seriam mais fortes e mais capazes. Esses, "os melhores", lideram. "Os médios e medíocres seguem", afirma o filósofo.
O argumento é defendido de maneira beligerante. "O mundo virou um churrasco na laje", "mulher gosta de dinheiro" e "a Bahia é uma terra devastada pela alegria" são subtítulo de capítulos.
Marisa Cauduro/Folhapress
Luiz Felipe Pondé, filósofo e colunista da *Folha* em sua casa
Luiz Felipe Pondé, filósofo e colunista da Folha em sua casa
RISCO
No próprio livro, Pondé argumenta que sua defesa de uma minoria de "melhores" e sua crítica ao discurso de "consciência social" não implicam preconceito ou discriminação contra os grupos sociais citados: negros, judeus, gays, índios, mulheres.
Mas é cabível perguntar se ele não teme ser mal compreendido. Se racistas, homofóbicos e antissemitas não poderão encontrar em suas palavras uma justificação; e os intolerantes, um estímulo.
"Existe sempre esse risco", admite ele. "Quando você é lido publicamente, é sempre de alguma forma mal lido; e às vezes os riscos vêm de quem vira seu fã, não de quem está criticando você."
TIPO MÉDIO
Não são poucos os críticos e os fãs do colunista. Mas, para Pondé, seus leitores são idiotas. "O tipo médio do leitor de jornal ou do telespectador de TV é um medíocre que se acha o máximo", escreve o doutor em filosofia pela USP e professor da PUC-SP.
"O leitor e o telespectador são idiotas, e no fundo nós, que 'somos a mídia', pouco os levamos em conta porque quase nada do que eles dizem vale a pena."
Pondé dá uma pista da razão de seu sucesso ao comentar o capítulo sobre os seus leitores-idiotas.
"Há algo de retórico nesse comentário. Retórico no sentido de produzir uma ampliação do argumento, na medida em que o debate é público. Mas há também isto: quando você fala uma coisa dessas para o leitor, muitos se colocam do lado de quem está escrevendo. Meu cunhado é um idiota; eu não."
GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA FILOSOFIA
AUTOR: Luiz Felipe Pondé
EDITORA: Leya
QUANTO: R$ 39,90 (224 págs.)

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