Nós morremos todos os dias
Seja Biologicamente, com a
fragilidade exposta do corpo humano ao tempo
Seja emotivamente com a
incapacidade de enfrentar as desilusões, a dor pessoal, em confrontar
diariamente e dolorosamente a desconstrução do ser humano como um a espécie mais
evoluída da vida
Seja socialmente ,em conviver com
a escassez de tantos em meio a tanta abundância e riquezas
Seja ideologicamente, onde o ser
humano é usado, manipulado, violentado pela ânsia doentia da vontade de
poder de muitos . De querer dar sentido, causa ,
proposito para o choro das crianças, para o corpos estirados no meio da estrada
ou o sangue derramado de inocentes
incapaz de saber o que está acontecendo.
Seja religiosamente, para
presenciar a triste e absurda realidade do próximo como inimigo em
justificativa ao dogma e da visão de um deus
que autoriza o inaceitável , o intolerável em nome de uma ordem ou uma causa
privilegiada. Ou então á apropriação de
seu nome para o enriquecimento de alguns em cima da boa fé e do virtuosismo de
muitos.
São sinais que não precisamos ir
muito além dos fatos para enxergar nossa tragédia como humanidade e nossa rota
declinante para o fim. Quem tem fatos não precisa de datas, mistérios ou
profecias. A realidade , o dia a dia,
é o nosso veredito que o fim não é uma
data, é uma jornada de ações e consequências. Ele é lento, agonizante e é
marcado pela frieza, pelo conformismo com a dor alheia e o sofrimento provocado
pela ganância; pelo desencantamento das coisas simples que nos torna humanos..
O nosso
aparente progresso tem sido vazio de intenções de compartilhar ou de construir um mundo para todos. Que tudo
tem casca, mas falta-nos conteúdo e significado
Que nesta jornada inexorável possamos
encarar a dor no nosso divã, que é a própria vida, pois ela tem esta característica dualista em si
camuflada com a força mais poderosa da vida que é a esperança
A esperança que sempre trás uma revisão de conceitos velhos e um apelo para o novo. Que transforma cinzas em
motivos para agir. Que nos arranca de um conceito linear da vida e nos coloca no seu ritmo cíclico. Cuja lição é que o que pode ser o fim, pode ser um novo começo. Que o que pensamos
que estar terminando pode estar em processo de gestação de um novo. Um novo
olhar para fazer e acontecer
Seja como possa ser definido o
ano de 2012, não existe fundo do poço para a esperança. Não é permitido um espirito
omisso de quem espera ou que possa se adequar ao lamaçal da nossa existência como uma realidade inalterável.
Com a esperança sempre existe espaço para sonhar, idealizar e espiritualizar o
novo. Sempre existe uma oportunidade de
uma nova lágrima , um novo sorriso, uma nova derrota e uma nova conquista.Com
fatos , sem fatos, sozinho ou no meio de multidão ,a esperança é que nos mantem
em pé no ritmo confiante de que cada atitude
ou escolha humana se pinta o novo
mundo.
Não obstante o que aconteceu em 2012, eu continuo
acreditando e esperando. Não como uma conquista pessoal apenas , mas como uma
conquista de todos.Não com um sentimento , mas com uma imensa vontade de fazer .Não como uma luta solitária, mas na certeza que o que nos une é mais forte do que as nossas superficiais diferenças
Feliz Natal e um ano "novo" na mais plena realização da palavra
Waldeck Alves
Ps: a fota acima revela a dor cruel de uma pai segurando seu filho nos braços.Uma foto que marcou 2012 em várias revista e jornais..
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