quarta-feira, 13 de maio de 2009

deu na tribuna

Político baiano que vem de uma longa permanência nos bastidores de Brasília assegura: o presidente Lula está cada vez mais inclinado a trabalhar com a hipótese de dois palanques na Bahia para o candidato do PT a sua sucessão. Entendendo cada vez mais difícil a pacificação entre petistas e peemedebistas, Lula admite a possibilidade de o governador Wagner e o ministro Geddel se enfrentarem pelo governo do Estado, ambos apoiando, se for o caso, a candidatura da ministra Dilma à presidência.

Lula, que chegou a pressionar seu ministro para manter a aliança na Bahia, concluiu que, diante da radicalização nas bases estaduais, teria pouca chance de êxito e comprometeria seu esforço pela causa maior, que é a aliança nacional entre os dois partidos. Aceitaria o palanque duplo, preferível, em último caso, a um acordo entre Geddel e os serristas militantes Paulo Souto, César Borges e ACM Neto, todos do DEM.

Não seria a primeira posição heterodoxa de Lula com relação à política baiana, já que em 2004 deixou o candidato petista à Prefeitura de Salvador, Nelson Pelegrino, "na saudade", ao receber em palácio o adversário César Borges, do então PFL, ao lado do senador Antonio Carlos Magalhães. Em 2008, o presidente repetiu a dose, abandonando Walter Pinheiro, numa prova de que a macropolítica se impõe, necessariamente, às questões paroquiais.

Jaques Wagner não toma a decisão de confirmar a aliança com o PMDB porque enfrenta forte resistência dentro do seu partido, que, apesar da decisão favorável do Diretório Regional, tomada em março, está publicamente dividido. O hoje secretário da Justiça e Direitos Humanos, Nelson Pelegrino, por exemplo, quer o entendimento, mas o secretário das Relações Institucionais, Rui Costa, permite-se declarações na imprensa que seriam mais eficazes no diálogo direto com o – digamos – aliado.Geddel Vieira Lima empurra sempre para mais adiante um posicionamento porque no seu caso seria abrir mão do poder sem saber exatamente que alternativa adotar, já que as circunstâncias eleitorais ainda vão mudar muito até outubro de 2010. Como não é de dar salto no escuro, o ministro vai pontuando esporadicamente seu inconformismo para que qualquer decisão que venha a tomar não seja imprevisível – o documento crítico que entregará amanhã a Wagner é mais um passo. O dilema do ministro tem um agravante: sua candidatura, a qualquer coisa e em qualquer dos lados, teria um nível de risco muito alto. Se tentar o governo numa coligação com o DEM, terá de fazê-lo longe do poder. Sozinho, enfrentará duas outras forças numa disputa espinhosa. Caso pretenda o Senado, poderia candidatar-se na chapa de Souto sabendo também que teria pelo menos três adversários duros. Na chapa de Wagner, não contaria com a garantia de apoio de parte das bases petistas, embora não viesse a ter o governo contra si.

A regular as movimentações de ambos, a soberana importância da eleição presidencial. Wagner não deflagará na Bahia a guerra entre PT e PMDB, que é latente ou ostensiva em vários Estados, tendo chegado a provocar declaração de Lula sobre seu interesse em mediar conflitos. Na briga baiana, o presidente já meteu a colher em visita a Salvador. Mas, pelos acontecimentos posteriores, parece que não conseguiu avanços.

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