domingo, 3 de outubro de 2010

Marina quer " sair maior" para 2014

As pesquisas lhe davam chances remotas de ir ao segundo turno, mas ela subia a escada radiante, cantarolando o próprio jingle, como se estivesse prestes a receber a faixa presidencial.
A dois dias da eleição, Marina Silva era só entusiasmo ao chegar a seu comitê eleitoral anteontem à tarde, após um debate que invadiu a madrugada, uma ponte-aérea, três entrevistas e um tumultuado corpo a corpo debaixo de chuva no viaduto do Chá.
Aos 52 anos, a candidata do PV ao Planalto quer dar hoje novo significado a um antigo clichê do vocabulário político: perder nas urnas, mas sair maior da eleição. Ou "perder ganhando", na versão reciclada do "marinês".
Marina ficará em terceiro lugar com mais de 15 milhões de votos, segundo projeções. Neste caso, deixa a disputa com dois desafios: manter a agenda ambientalista em alta e pavimentar o caminho para tentar de novo em 2014.
"Mesmo que não vá ao segundo turno, ela sai conhecida nacionalmente e com um capital político extraordinário. Temos um projeto, e este projeto não tem data", diz o aliado Luciano Zica.
Após 16 anos entre o Senado e o Ministério do Meio Ambiente, Marina vai entregar as chaves do apartamento funcional em Brasília. Deve se mudar de vez para São Paulo, onde passou o ano.
Ela diz que voltará a dar aulas de história, mas já monta estrutura para se manter na mídia como presidente do IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade), criado há um ano com apoio do vice, Guilherme Leal. A ONG deve emular o Instituto Cidadania, inventado para dar cargo, salário e escritório a Lula pós-1989.
A médio prazo, os aliados mais próximos querem alçá-la à presidência do PV, ocupada há 11 anos pelo vereador paulistano Luiz Penna.
Além de adubar a sigla nos próximos quatro anos, Marina terá que cultivar a aliança com os empresários ecoengajados que sustentaram a candidatura. Sabe que também depende deles para continuar sonhando com a Presidência. "Mesmo que não seja do Planalto, este movimento precisa ter continuidade. E terá", promete Leal.

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