sábado, 23 de outubro de 2010

O PV SE DIVIDE ENTRE DILMA E SERRA


No último domingo, o PV decidiu manter-se neutro na disputa pela Presidência da República durante o segundo turno. A neutralidade - ou "independência", como preferem os verdes - da sigla não impede que seus membros declarem voto a Dilma Rousseff (PT) ou a José Serra (PSDB), desde que não vinculem o apoio aos símbolos oficiais do partido. Com as declarações de voto das principais figuras do PV nesta etapa das eleições, e constatou uma divisão em relação ao nome a ser apoiado: quatro lideranças permanecem oficialmente neutras, outras três apoiam Serra e cinco delas declararam voto em Dilma. 
"Eu classifico o PV, assim como o PMDB, de partido de adesão. Se há um governo, a tendência é estar junto com o governo", diz o cientista político Cláudio Couto, da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas). "O PV na sua maior parte é parecido com qualquer partido brasileiro. A diferença importante é que o PV possui uma cúpula um pouco mais programática que não compartilha da mesma prática política dos demais membros do partido", ressalva.
Vice-presidente da sigla e eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, Alfredo Sirkis, discorda da avaliação. "O PV tem uma atuação programática com uma série de realizações em todo o país. Integrar governos não significa ser adesista, sobretudo no âmbito do poder local", afirma. "Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, implantamos a maior rede de ciclovias do Brasil, com 160 km", diz
Sirkis admite que, embora tente praticar uma "nova política", o PV tem "quadros de natureza mais fisiológica". "Com a filiação da Marina, tem mais o componente programático e ideológico dentro do PV. Mas ele só vai predominar quando nós mudarmos o sistema eleitoral", diz.  "O que acontece com todos os partidos é que nós temos um sistema eleitoral que não ajuda. Para crescer, o partido precisa somar votos de indíviduos, e não no partido", afirma.
A postura de neutralidade também foi tomada pela candidata do partido ao Palácio do Planalto, Marina Silva, que encerrou a disputa com quase 20% dos votos válidos, "rompendo o plebiscito", como ela mesmo disse, e buscando se impor como alternativa à hegemonia de tucanos e petistas na vida política nacional.
Para Couto, Marina Silva acertou ao não declarar o voto. "Se ela quer se assumir como terceira via, não tem sentido apoiar alguma das candidaturas. Ela tem de se manter equidistante", afirma. "O PV é muito menor do que a Marina. Essa votação que a Marina obteve foi dela, não do PV. Ele [o partido] tenta ao menos nao se distanciar [de Marina]", diz.
O vice-presidente do PV diz que não vê a postura do partido como uma forma de facilitar conversas com o novo presidente, seja quem for o eleito. "Eu não penso isso. É mais uma preservação das propostas com vistas para o futuro", afirma. "A interlocuação, seja com Dilma ou Serra eleitos, é natural, porque não temos hostilidades em relação a nem ou outro, e nem ele em relação a nós".


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