sábado, 16 de outubro de 2010

PSOL declara voto contra Serra e abre possibilidade para 'voto crítico' em Dilma


Por 13 votos a 2, a Executiva Nacional do PSOL decidiu declarar voto contra José Serra (PSDB) e abriu a possibilidade para o voto nulo ou um voto crítico em Dilma Rousseff (PT) no segundo turno.
Em nota, a Executiva se diz preocupada com a "crescente pauta conservadora introduzida pela aliança PSDB-DEM, querendo reduzir o debate a temas religiosos e falsos moralismos". Ao mesmo tempo, analisa que "esta pauta leva a candidatura de Dilma a assumir posição ainda mais conservadora, abrindo mão de pontos progressivos de seu programa de governo e reagindo dentro do campo de ideias conservadoras e não contra ele".
Apesar da crítica a PT e PSDB, a Executiva deliberou pela possibilidade do voto em Dilma por causa do temor do partido de que Serra vença a eleição.
No entendimento do PSOL, embora defendam modelos semelhantes, o tucano tem uma agenda ainda mais conservadora do que a petista.
"Neste segundo turno, mantemos firme a oposição frontal à candidatura Serra, declarando unitariamente "nenhum voto em Serra", por considerarmos que ele representa o retrocesso a uma ofensiva neoliberal, de direita e conservadora no País. Ao mesmo tempo, não aderimos à campanha Dilma, que se recusou sistematicamente ao longo do primeiro turno a assumir os compromissos com as bandeiras defendidas pela candidatura do PSOL e manteve compromissos com os banqueiros e as políticas neoliberais".
A Executiva ressalta que fará oposição "de esquerda e programática" independentemente de qual seja o próximo governo.

O candidato derrotado do PSOL à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio, apoiou a decisão da Executiva --da qual não faz parte-- e informou que votará nulo. Plínio recebeu 886.816 votos no primeiro turno.
Em um "manifesto à nação", Plínio avalia algumas as diferenças entre as candidaturas de Serra e Dilma na relação com os movimentos sociais e na política externa.
Sobre Serra, diz: "representa a burguesia mais moderna, mais organicamente ligada ao grande capital internacional, mais truculenta na repressão aos movimentos sociais. No plano macroeconômico, não se afastará do modelo neoliberal nem deterá o processo de reversão neocolonial que corrói a identidade moral do povo brasileiro. A política externa em relação aos governos progressistas de Chávez, Correa e Morales será um desastre completo".
Sobre Dilma, afirma que "é uma incógnita. Se prosseguir na mesma linha do seu criador - o que não se tem condição de saber --o tratamento aos movimentos populares será diferente: menos repressão e mais cooptação. Do mesmo modo, Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia continuarão a ter apoio do Brasil".
Apesar de análise um pouco menos desfavorável à petista, Plínio justifica o voto nulo pelo "descompromisso" das duas candidaturas com o projeto do PSOL.
"Nenhum deles se dispôs a comprometer-se com a derrubada desse muro. Essa é a razão que me tranquiliza, no diálogo com os movimentos sociais com os quais me relaciono há 60 anos e com os brasileiros que confiaram a mim o seu voto, de que a única posição correta neste momento é do voto nulo. Não como parte do 'efeito manada' decorrente das táticas de demonização que ambas candidaturas adotam a fim de confundir o povo. Mas um claro posicionamento contra o atual sistema e a manifestação de nenhum compromisso com as duas candidaturas".

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