sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quando a revolução se encantou com o poder


Um grande Historiador do seculo XX, definiu esse período como um tempo que as grandes utopias morreram. O encanto ideológico de transformação foi seduzido pelos que muitos deles sempre sonharam. Ao contrário de idéais, princípios e um desejo de igualdade social, foram substituídos por poder,dinheiro e muita vontade de continuar no poder. Nos anos 60, podemos constatar a luta contra ditadura, com grandes pensadores que sonhavam com pais livre e mais justo. Um pais que pudéssemos ter capacidade de escolher nossos destinos. Mas a grande verdade que muitos escolheram o destino errado, baseado em um projeto pessoal, seus discursos foram confundidos pela pratica, e o elemento que os diferenciavam foi engolido pelo fascínio do Poder.Cito os exemplos de pessoas e entidades importantes nesse cenário que quando conseguiram chegar aonde chegaram, se entregaram ao pragmatismo em detrimento de seu discurso e de uma ética:José Dirceu, José Genoino,Antonio Palocci,o próprio Lula, a Une que sempre foi uma entidade de lutas por mais direitos.Quem não lembra das greves,das grandes manifestações que eram movidas ,hoje esclarecida pela História, por interesses partidários e não por princípios morais ou ideológicos.Hoje , a UNE recebe dinheiro do governo e por isso está comprometida e alicerçada em suas entranhas por um encanto de permanecer assim. Sem discurso caminhamos, para próximas eleições, sem saber quem é direita ou esquerda, (o poder desmistificou esses conceitos e entraram em desuso), a pratica nivelou todos por baixo. A "direita" que ficou tanto tempo no poder sempre foi marcada por um política de "poucos", a "esquerda" era sempre uma incógnita que trazia em seu discurso um novo tempo de justiça social.O poder testou e que podemos perceber é que "não é homem que têm o poder, mais o poder que têm o homem".As eleições do próximo ano, nivelou todos por baixo, no caráter, no discurso, na pratica política e nas alianças para se preservar neles.Não posso deixar de citar o ressurgimento de Collor e José Sarney no governo que sempre foi marcado pelo discurso de combates as oligarquias.Uma contradição que é justificada hoje por um discurso de governabilidade.
È tão recente na memória muitos jovens que saiam as ruas no dia 7 de setembro para questionar o FMI, a política neoliberal, o capitalismo, muitos que passaram pela casa dos estudantes e encarnaram esse ideal revolucionário, e que hoje como profissionais não existe resquício em sua pratica profissional ou política, de nenhum ideal revolucionário. São capitalistas que só pensam em ganharem dinheiro. A revolução não subsistiu aos encantos do poder, e do jogo para sobreviver dentro dele. A revolução para muitos não passou de um momento, de uma emoção,de um discurso que camuflava interesses mais obscuros e doentios.Com esse desencanto,perdemos o poder das mobilizações, das grandes manifestações e caminhamos para uma passividade diante das injustiças.Essas indignações não passam de meras sensações momentânea não produz nenhum tipo de mobilização ou organização de base.O encanto se tornou um desencanto e para muitos o poder e seus privilégios são mais importantes. O ideal revolucionário esteve nas mãos de quem não sabe nem o que é justiça e igualdade. Muitos os defenderam apenas por ser fruto do meio ou por necessidade de um espaço provisório até que eles encontrassem seus próprios espaços.Na suas almas a justiça nunca foi justiça, mas um termo vago e sem sentido para um mundo imperfeito movido por ambições humanas.
O que resta com esse desencanto, é a voz de poucos que não se deixaram levar, e que pode ser um embrião de nova geração, que pode restaurar e juntar os "cacos" do espírito revolucionário que chegou ao poder. E recomeçar mesmo não sabendo por onde, mas tendo em mente que todo verdadeiro poder vem da base da justiça, da ética, da moral e do compromisso com o ser humano. Qualquer vontade de mudança tem que ter em suas veias o desejo fervoroso em seu cerne.Um crença de verdade e não apenas de discursos.Esse encanto permanece.

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